O Natal da escola
O Natal vai à escola
com roupas de fantasia;
num bolso leva os sonhos
e no outro a poesia.
O Natal pousa nos livros,
no quadro e nas carteiras
e deixa um pó de estrelas
no fundo das algibeiras.
E até o telemóvel,
que na aula não deve entrar,
quando toca de repente
é o Natal que vem lembrar.
O Natal entra na escola,
na mochila e nos cadernos
e segreda ao ouvido
os votos que são eternos.
O Natal é o recreio
que a campainha anuncia;
todos celebram contentes
O sentido desse dia.
(…)
José Jorge Letria, O Livro do Natal
Natal africano
(O poeta lembra-nos que na cultura africana não há a tradição de Natal)
Não há pinheiros nem há neve,
Nada do que é convencional,
Nada daquilo que se escreve
Ou que se diz… Mas é Natal!
Que ar abafado! A chuva banha
A terra, morna e vertical.
Plantas da flora mais estranha,
Aves da fauna tropical.
Nem luzes, nem cores, nem lembranças
Da hora única e imortal.
Somente o riso das crianças
Que em toda a parte é sempre igual.
Não há pastores nem ovelhas,
Nada do que é tradicional.
As orações, porém, são velhas
E a noite é Noite de Natal.
In “Obra Poética” de João Cabral do Nascimento, Edições Asa
Natal
Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.
Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.
No teu sol acontecia.
Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento
de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.
Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva
acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.
Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.
Poemas de Natal - Manuel Alegre
Ouve aqui:
Para assinalar os 150 anos da publicação do “ Amor de Perdição” de Camilo Castelo Branco, propomos para leitura do mês de dezembro esta obra emblemática do Romantismo português.
Podes lê-la aqui em formato digital.
Para os mais novos está disponível na nossa biblioteca, uma versão adaptada por Pedro Teixeira Neves.
Sinopse
O Amor de Perdição conta-nos a história de Simão Botelho e Teresa de Albuquerque, dois jovens que pertencem a famílias distintas de Viseu. Entre ambos nasce um amor que são obrigados a calar, pois as suas famílias são rivais e tudo farão para os separar. Mas os amantes acabarão por mostrar através do mais dramático dos atos, que nada, nunca, destruirá o sentimento que os une.
A versão adaptada para os mais novos por Pedro Teixeira Neves, com ilustrações de Helena Simas começa assim:
"Vou contar-vos uma história muito bonita. É uma história de amor, de um amor muito, muito grande, tão grande que nunca morreu e a maior prova disso é que acabou em livro, este que agora vocês estão a ler e do qual decerto muito vão gostar. Isto, apesar de também ser um bocadinho triste, mas qual é a história de amor que, como a vida, não tem coisas boas e coisas más?"
O Autor
Camilo Castelo Branco, primeiro visconde de Correia Botelho, nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1825 e morreu em São Miguel de Seide a 1 de Junho de 1890. Romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta, tradutor, é um dos expoentes máximos do Romantismo em Portugal. Teve uma vida atribulada, passional e impulsiva; uma vida tipicamente romântica, que serviu de inspiração a alguns dos seus livros. Foi o primeiro escritor de língua portuguesa a viver exclusivamente da sua produção literária, que se traduziu em mais de duzentos e sessenta escritos. Morreu pela sua própria mão quando, em desespero devido a uma cegueira progressiva, desfere um fatal tiro de revólver na têmpora direita.
Obras
Mistérios de Lisboa (1854), Duas épocas na vida (1854), O livro negro do padre Dinis (1855), Vingança (1858), Carlota Ângela (1858), A morta (1860), O romance de um homem rico (1861), Amor de perdição (1862), Amor de salvação (1864), O olho de vidro (1866), O retrato de Ricardina (1868), A mulher fatal (1870), Doze casamentos felizes (1861), Estrelas funestas (1861), Estrelas propícias (1863), Coração, cabeça e estômago (1862).
PARA SABER MAIS
A Direção-Geral da Educação acaba de criar um site (http://area.dge.mec.pt/camilo_castelo_branco/index.html) onde está a ser lançada uma fotonovela digital para assinalar os 150 anos da edição da obra. Trata-se de uma fotonovela dos tempos modernos que poderá ser acedida por alunos e professores.
O dia 1 de dezembro é ainda, neste ano, feriado em Portugal.
Neste dia comemora-se o Dia da Restauração da Independência.
Queres saber porquê?
Vê aqui .
Para ouvires a história deste 1º rei da 4ª dinastia clica na imagem.
Bom feriado!