Sinopse
«Um dia, à meia-noite, ele viu-a. Era a estrela mais gira do céu, muito viva, e a essa hora passava mesmo por cima da torre. Como é que não a tinham roubado? Ele próprio, Pedro, que era um miúdo, se a quisesse empalmar era só deitar-lhe a mão. Na realidade, não sabia bem para quê. Era bonita, no céu preto, gostava de a ter. Talvez depois a pusesse no quarto, talvez a trouxesse ao peito. E daí, se calhar, talvez a viesse a dar à mãe para enfeitar o cabelo. Devia-lhe ficar bem, no cabelo.»
Esta, e outras obras do autor estão disponíveis na nossa biblioteca.
O Autor
Foto in “O Essencial” Newsletter da RTP
Romancista e ensaísta, nasceu em Melo (Gouveia),na Serra da Estrela, no dia 28 de Janeiro de 1916 e faleceu em Lisboa em 1996. Frequentou o seminário do Fundão e licenciou-se em Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A par do trabalho de escrita, foi professor de Português e de latim em várias escolas do país.
Inicialmente neo-realista, Vergílio Ferreira rapidamente se deixou influenciar pelos existencialistas franceses como André Malraux e Jean-Paul Sartre, iniciando um caminho próprio a partir do romance Mudança (1949). Notabilizou-se no domínio da prosa ficcional, sendo um dos maiores romancistas portugueses deste século.
Considerado um dos mais importantes romancistas portugueses do século XX, ganhou vários prémios entre eles o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores por duas vezes, primeiro com o romance Até ao Fim e depois com o romance Na tua Face, e o prémio Femina em França, com o romance "Manhã Submersa".
As comemorações do centenário de Vergílio Ferreira começaram no dia 28 de janeiro e prosseguirão ao longo de um ano, encerrando no dia 28 de janeiro de 2017.