Aqui ficam excertos de algumas “cartas”
“ (…) A impressão de que verdadeiramente a vida é nobre e bela, forte, calma e clara, e de tão extraordinário encanto, de tão ardente energia que se plenamente tivéssemos consciência do que é a vida não a poderíamos suportar. Explodíamos”.
“A filosofia que se não apoia num perfeito encadear de raciocínios e numa informação que tem de ser a mais sólida e a mais ampla, é apenas literatura, e da pior literatura. Porque é a literatura dos que não tiveram a força criadora suficiente para escreverem teatro ou poesia lírica ou romance. Uma literatura lavrada, que disfarça com uma nuvem de retórica os espetros de ambições que não puderam realizar-se”.
“São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem”.
“Você vai precisar de todo o seu tempo, de toda a sua energia, de pensar de manhã até à noite nos problemas filosóficos; você tem de adquirir erudição filosófica e o treino de pensar; a vida, para a vida, é sempre longa; mas para a arte é sempre breve; só quando se não faz nada há sempre tempo”
“Os mais fracos correm diante das suas emoções uma porta ondulada de ironia. Os mais fortes, porém, e eu desejo que você seja dos mais fortes, encerram-se num palácio de silêncio”.
“A lógica, meu caro Amigo, é uma fidalguia: é preciso trazê-la bem, sem uma falha. Mas a lógica é uma fidalguia tão grande que nunca se consegue trazer bem”.
In (Agostinho da Silva, “Sete Cartas a um Jovem Filósofo – Seguidas de Outros Documentos para o Estudo de José Kertchy Navarro”, I, II, edição da Ulmeiro, 1990)
O autor
Agostinho da Silva foi um filósofo, poeta e ensaísta.
Nasceu em 1906, no Porto, Ingressou na escola com seis anos de idade.
Em 1929, completou o Doutoramento na Universidade do Porto, com 20 valores.
Depois do Doutoramento, uma Bolsa de Estudos leva-o até Paris, à Sorbonne ao Collège de France.
Viveu cerca de 22 anos no Brasil e esteve envolvido na fundação de várias universidades e projetos de natureza social e cultural.
Considerou o Brasil o melhor que Portugal fez e que ao Brasil caberia realizar aquilo que sendo o melhor de Portugal, este, no entanto, não conseguiu concretizar.
Deixa o Brasil em 1969 e regressa a Portugal.
Faleceu em Lisboa a 3 de Abril 1994.
Deixou-nos uma vasta obra de que destacamos: Sentido histórico das civilizações clássicas, 1929; A religião grega, 1930; Glosas, 1934; Sete cartas a um jovem filósofo, 1945; Diário de Alcestes, 1945; Moisés e outras páginas bíblicas, 1945; Reflexão, 1957; Um Fernando Pessoa, 1959; As aproximações, 1960; Educação de Portugal, 1989; Do Agostinho em torno do Pessoa; Dispersos, 1988, Uns Poemas de Agostinho,1989
Para saberes mais sobre esta figura incontornável da nossa cultura acede aqui ao Site oficial: www.agostinhodasilva.pt