Qualquer motivo é bom para ler poesia!
Muitos escritores portugueses e poetas populares expressaram os seus sentimentos amorosos em poemas de grande beleza.
Aqui ficam alguns.
Foi um momento
O em que pousaste
Sobre o meu braço,
Num movimento
Mais de cansaço
Que pensamento,
A tua mão
E a retiraste.
Senti ou não?
Não sei. Mas lembro
E sinto ainda
Qualquer memória
Fixa e corpórea
Onde pousaste
A mão que teve
Qualquer sentido
Incompreendido.
Mas tão de leve!...
Tudo isto é nada,
Mas numa estrada
Como é a vida
Há muita coisa Incompreendida...
Sei eu se quando
A tua mão
Senti pousando
Sobre o meu braço,
E um pouco, um pouco,
No coração,
Não houve um ritmo
Novo no espaço?
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,
Súbito e etéreo,
Que nem soubesses
Que tinha ser.
Assim a brisa
Nos ramos diz
Sem o saber
Uma imprecisa
Coisa feliz.
Fernando Pessoa in Cancioneiro
Tens um livro que não lês,
Tens uma flor que desfolhas;
Tens um coração aos pés
E para ele não olhas.
O guardanapo dobrado
Quer dizer que se não volta
Tenho o coração atado
Vê se a tua mão mo solta.
Fernando Pessoa, Quadras ao gosto popular
Olhos Negros
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Por teus olhos negros, negros,
Trago eu negro o coração,
De tanto pedir-lhe amores...
E eles a dizer que não.
E mais não quero outros olhos,
Negros, negros como são;
Que os azuis dão muita esp'rança
Mas fiar-me eu neles, não.
Só negros, negros os quero;
Que, em lhes chegando a paixão,
Se um dia disserem sim...
Nunca mais dizem que não.
Almeida Garrett in Folhas Caídas e Outros Poemas
Trago dentro do peito Cidra, laranja, limão; Para trazer toda a fruta Falta-me o teu coração.
Se a oliveira falasse, Ela diria o que viu, Debaixo da sua rama Dois amantes encobriu. Nas ondas do teu cabelo Vou-me deitar a afogar:
A carta que eu te escrevo
Cartas de amor são mentiras
In Cancioneiro Popular |
Amar! Florbela Espanca |
Sugestão:
Depois de leres algumas destas quadras ao gosto popular, escolhe uma de que gostes, copia-a para uma folha branca, ilustra-a a teu gosto…e entrega-a na biblioteca até ao dia 28 de fevereiro.